Angheben – Vinhos Diferentes de Tudo o Que Provamos no Vale dos Vinhedos

angheben

A Angheben foi a quarta vinícola que conhecemos em nosso Tour de 3 dias pelo Vale dos Vinhedos, e não imaginávamos que esta seria uma das mais agradáveis visitas que faríamos.

Fazia um dia ensolarado e chegamos ao local por volta das 10h, conforme combinado previamente com a vinícola.

Fomos recebidos pelo simpático Eduardo Angheben, enólogo e proprietário, filho de Idalencio Francisco Angheben, um senhor carismático que também nos recebeu muito bem em sua propriedade.

Eduardo, muito descontraído, logo brincou que nos cansaríamos de andar pela propriedade – já que, diferente das grandes vinícolas da região, cheias de salas e maquinários, a Angheben concentra, somente em seu espaço térreo, os barris de carvalho, tanques de aço e a pequena lojinha onde os produtos são vendidos.

E foi ali, naquele ambiente acolhedor e de muito silêncio – atípico das grandes e movimentadas vinícolas do Vale dos Vinhedos – que iniciamos o nosso bate papo que se estenderia por toda a manhã.

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Eduardo iniciou a conversa nos contando que seu pai, o senhor Idalencio, se especializou na parte agrícola e foi o primeiro funcionário da área técnica da Chandon do Brasil.

Foi professor da disciplina de Viticultura por mais de 30 anos, dando aulas, inclusive, para o próprio Eduardo e diversos outros enólogos renomados da região.

Fundada em 1999, a Angheben tem a proposta de elaborar vinhos finos de grande expressão, que representem fielmente o terroir da região e que, de alguma forma, se diferenciem dos demais.

E os vinhos são realmente diferentes!

Um exemplo disso, são seus rótulos elaborados com as castas Barbera, Teroldego e Pinot Noir, vinhos que têm um carácter próprio, com aromas e sabores que diferem de tudo o que vimos pela região.

Eduardo salienta que eles costumam criar vinhos que a família gosta de beber, e ainda brinca: ‘caso não seja totalmente do gosto público, não tem problema, consumimos tudo em família’.

Durante nosso papo, também falamos sobre as primeiras uvas que chegaram ao vale junto com os imigrantes italianos que, tempos depois, deram lugar às variedades mais populares como a Cabernet Sauvignon, Merlot, Pinot Noir, entre outras.

Conversamos ainda sobre os altos impostos aplicados sobre os vinhos, as dificuldades que as pequenas vinícolas familiares enfrentam e sobre a venda de vinhos pela internet.

E depois da nossa agradável conversa, chegou o grande momento: a degustação dos rótulos da casa.

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Diferente de outras vinícolas que visitamos, na Angheben, cada vinho foi servido em uma taça, e Eduardo logo justifica: “Nossos vinhos evoluem muito bem na taça.”

Ele nos orienta a não dispensarmos o vinho provado, deixando-o na taça, para que, ao final da degustação, voltemos ao início, para perceber como os aromas e sabores tinham mudado em questão de minutos.

Partimos para a degustação com o seguinte branco:

  • Gewürztraminer 2013

Um estilo mais seco deste vinho que muitas vezes é encontrado em versões bem doces. Bem aromático, de grande frescor e boa acidez.

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Na sequência vieram os tintos:

Um interessante corte das safras 2013, 2014 e 2015, sendo que as duas primeiras representam 20% do vinho e estagiam durante 6 meses em barris de carvalho. Deliciosos aromas de geleia de frutas vermelhas.

  • Barbera 2012

Um incrível vinho tanto no nariz quanto em boca, onde os aromas de bala Toffee de café são contagiantes. 40% do vinho estagia em barris de carvalho.

  • Cabernet Sauvignon 2010

Aromas de especiarias como alcaçuz e leve toque de pimentão. Estagia durante 8 meses em barris de carvalho, o que lhe confere maciez e equilíbrio.

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O famoso ‘Barbera da Angheben’

Terminamos a prova dos tintos de maneira especial.

Eduardo nos convidou a provar o teroldego direto do tanque de aço – uma experiência única!

  • Teroldego não safrado

Corte das safras 2013, 2014 e 2015, onde 50% do vinho estagia durante 8 meses em barris de carvalho e logo será engarrafado e comercializado. Possui interessantes aromas lácteos, como um delicioso iogurte de frutas e, mesmo ainda no tanque, parece pronto para consumo.

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Finalizamos a degustação com um espumante – deixado para o final propositadamente – pois, segundo Eduardo, é bem versátil e combina com praticamente todo o tipo de comida que os anteriores.

  • Espumante Brut Champenoise

80% chardonnay e 20% pinot noir que passa 1 ano e meio em contato com as leveduras. Perlage fina e persistente, leve e bem refrescante.

espumante angheben brut champenoise

No final, ainda fizemos uma brincadeira onde misturamos algumas poucas gotas de Pinot Noir e Teroldego ao espumante – o resultado: dois rosés que ganharam mais algumas notas aromáticas de frutas vermelhas como morangos.

A intenção da brincadeira era mostrar que, quando se misturam diversas uvas em um mesmo vinho, mesmo uma pequena porcentagem pode fazer muita diferença no resultado final.

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Encerramos assim a nossa visita à Angheben, uma vinícola familiar que realmente produz vinhos únicos, diferentes de tudo o que havíamos provado até o momento em nossa viagem pelo Vale dos Vinhedos.

E antes de partirmos, ainda nos divertimos com algumas histórias bem humoradas da família Angheben, contadas por Eduardo e pelo senhor Idalencio.

Ganhamos o dia!


Visite a Angheben

anghebenA vinícola atende de segunda a sábado, das 9h às 17h.

Domingos e Feriados é necessário agendamento prévio pelo telefone: (54) 3459.1261 ou pelo e-mail: [email protected]

Endereço:
RS 444, KM 4 – Vale dos Vinhedos, Bento Gonçalves – RS

Valores:
Consultar a vinícola.


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Comentários
  1. Oi Thiago.
    Vou para o vale agora em 13 de novembro e fico até 15. Como é pouco tempo, vou na sua recomendação das 5 vinícolas para 1 dia. Parabéns pelo blog.
    Quando voltar da região passo minhas impressões para você.

  2. Estive em 2014 e o Sr Idalencio foi um amor. De uma simpatia. Ganhamos uma aula sobre vinho e da suas experiências. Foi a melhor visita em vinicula que fizemos.

  3. Adorei minha visita ao Vale dos Vinhedos e fiquei impressionado por tantas opções de qualidade que encontrei. Não tinha nenhuma informação antes de ir. Acho que as vinícolas do Vale poderiam investir numa distribuição melhor aqui em SP. Cada vez que peço pelas lojas on line o preço do frete é de doer, enquanto outras importadoras muitas vezes fornecem até frete grátis.

  4. Oi Thiago,
    Adorei as dicas e já coloquei algumas no meu roteiro de viagem da próxima semana. Me tire uma dúvida, qual o melhor local para ir com uma criança de 9 anos?

  5. Olá Thiago
    Obrigado pelas dicas!!!! Estou adorando!!!
    Se você tivesse somente 1 dia para visitar as vinícolas do Vale do Vinhedo quais você recomendaria?!
    Obrigado

    1. Sâmia,

      Fico feliz que esteja gostando das dicas!

      Se eu tivesse apenas 1 dia no Vale, recomendaria: Angheben, Casa Valduga, Cave de Pedra e Don Laurindo 🙂

      Um abraço!

  6. Bom dia Thiago, nossa fiquei boquiaberta, não sabia que havia em nosso país tais viniculas, estou marqavilhada. Fiz ano de 2015 caminhos das vinhas em Mendonza, saboreei vinhos maravilhosos inclusive o Malbec, indiscutivel.
    Mas que o nosso Brasil estava neste nível não sabia mesmo. Peço desculpas por minha ignorância.
    Gostaria de saber de voce, como faço em que época seria interessante uma visita as viniculas que nos foram apresentadas aqui?
    Muito obrigada pela atenção.
    Paula Sandra

    1. Olá Paula, tudo bem?

      Primeiramente, obrigado pelo seu comentário.

      Fico feliz em saber que meu artigo lhe ajudou a tomar conhecimento sobre esta maravilhosa região vinícola brasileira que é Bento Gonçalves e o Vale dos Vinhedos!

      Quando você puder, visite, pois é uma viagem para nunca mais esquecer.

      De janeiro a março é a época em que os parreirais estão carregados de uvas. Além da beleza, as vinícolas oferecem diversas atividades, entre elas, a colheita.

      Eu visitei a região no início de Abril e fiquei satisfeito com minha escolha. Foram lindos dias ensolarados onde pude aproveitar bastante a viagem.

      Após este período, você pode encontrar dias mais cinzas e bastante frio na região. Tem gente que gosta. Vai da preferência de cada um.

      Independente da época, você encontrará ótimos vinhos por lá.

      Abraços e volte para nos contar sobre sua viagem 🙂

  7. Olá Thiago gostei muito do seu artigo, não conhecia essa vinícola mas com certeza entrou pra lista na próxima visita!!
    Obrigada

    1. Olá Tatiana,

      Com certeza é uma vinícola a ser visitada! São vinhos bem diferentes, com identidade própria. E tenho certeza que será bem recebida pelo Eduardo e seu pai, o senhor Idalencio. São figuras incríveis!

      Depois volte e nos conte sua experiência por lá. Obrigado pelo seu comentário 🙂

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