O chileno Mario Geisse é enólogo e proprietário da renomada vinícola Cave Geisse – considerada pelos experts como a produtora dos melhores espumantes do Brasil.
Sua extensa lista de vinhos conta com a presença de criações famosas, como o Cave Geisse Espumante Terroir Nature, indicado no livro 1001 Vinhos para Beber Antes de Morrer, e o Cave Geisse Espumante Blanc de Blanc Brut, que já esteve entre os Top 10 Vinhos da América do Sul, segundo a Revista Forbes.
Mario também é enólogo chefe da Casa Silva, respeitada vinícola chilena que, desde 1997, elabora premiados vinhos na região do Vale de Colchagua.
É com muito prazer que compartilho com você esta descontraída entrevista com um dos mais respeitados produtores de vinhos e espumantes da atualidade.
1) Mario, soube que sua relação com o vinho é um caso de amor antigo. O vinho sempre esteve presente em sua casa?
O vinho fazia parte do meu dia-a-dia. Sempre havia vinho nos almoços e jantares na casa dos meus pais, que sempre faziam comentários sobre suas preferências por um vinho ou outro.
Desde os 12 anos eu podia beber uma pequena quantidade de vinho misturado com água e açúcar.
2) Imagino que em algum momento da vida você pensou: “não quero apenas beber vinho, quero também produzi-lo”. Quando isso aconteceu?
Aos dez anos de idade tive minha primeira experiência com a elaboração de vinhos. Foi como assistente de um velho fazendeiro que produzia seu vinho em um par de antigas ânforas.
Foi uma experiência maravilhosa e, se bem me lembro, naquele momento não imaginei a influência que isso faria em mim. Mas estou convencido de que ali foi o ponto de partida.
Com ele aprendi que o vinho é feito apenas acompanhando um processo natural e é para apreciá-lo e compartilhá-lo com outras pessoas.
3) Ao chegar em Pinto Bandeira no final dos anos 70, você percebeu que na região existia um potencial incrível para elaboração de espumantes. Nesta época, era possível imaginar que um dia estes espumantes seriam considerados os melhores do Brasil?
Quando comprei um terreno em Pinto Bandeira, foi após ter estudado toda a região durante dois anos à procura de um local com as melhores condições para o cultivo de uvas para elaboração de espumantes, e esta região também possuia outras qualidades, que são hoje os seus diferenciais.
Eu sempre pensei duas coisas: primeira, que a Serra Gaúcha tinha condições como nenhuma outra região na América do Sul para a produção de espumantes e, segunda, que a região de Pinto Bandeira era a mais especial.
Hoje, o fato de ser considerada a melhor é uma grande conquista, mas só vem a confirmar as condições naturais da região para isso.
4) Os espumantes são hoje os grandes responsáveis por colocar o Brasil no mapa do mundo dos vinhos. Você acha que os brancos e tintos brasileiros, um dia, também farão parte deste mapa?
Graças aos espumantes, o Brasil tem hoje um reconhecimento importante no mundo dos vinhos, no entanto, para que os demais vinhos cheguem ao mesmo patamar, terão que trilhar o caminho feito pelos espumantes. Cada variedade deve encontrar o seu melhor terroir, com um estilo definido e qualidade consistente ao longo do tempo.
Existem produtores trabalhando para que isso aconteça, mas não será fácil, já que as condições naturais para elaborar grandes vinhos com qualidade consistente ao longo do tempo, exigem um clima muito estável.
5) Além de espumantes, você também tem uma linha de vinhos tintos que leva seu nome, de uvas cultivadas no Vale de Colchagua, no Chile. Pode nos contar um pouco mais sobre estes vinhos e onde são vinificados?
O Vale de Colchagua no Chile é reconhecido por sua capacidade em produzir grandes tintos e ser o berço natural da Carménère.
Aplicando a mesma filosofia utilizada no Brasil, depois de fazer um estudo de clima e solo na região, adquiri em 1995 um terreno na cidade de Marchigüe, dentro do Vale de Colchagua, que fica a 30 km do Oceano Pacífico, e que na época não era tão famosa como agora.
Por lá são plantadas Cabernet Sauvignon, Carménère e Petit Verdot e, logo atrás da minha casa, precisamente na garagem, comecei uma adega para produzir vinhos de autor.
6) Os amantes dos espumantes Cave Geisse podem sonhar em ter, um dia, vinhos brancos ou tintos da marca? A região de Pinto Bandeira tem potencial para elaboração destes vinhos?
O grande potencial da região de Pinto Bandeira está na produção de vinhos espumantes de alta qualidade, e nossas vinhas têm um volume limitado de uvas para estes vinhos.
Hoje, não vemos uma forma de desviar recursos para produção de vinhos tranquilos, que acreditamos que possam ser produzidos em outras áreas, com melhores condições naturais.
A marca Cave Geisse é sinônimo de espumantes, mas, como Família Geisse, temos a inquietação de sermos produtores de Terroir e, desta inquietação, nasceu o projeto de Marchigue no Chile.
7) Para finalizar, faça-nos uma sugestão de um de seus vinhos (espumante e tinto) e os pratos que melhor harmonizam com eles.
Gosto de várias harmonizações com vinho espumante, mas se você me pedir apenas uma, sugiro o Cave Geisse Terroir Nature com camarão ao alho e óleo e, em geral, todos os tipos de pratos com peixes ou frutos do mar. Para os tintos, o Mario Geisse Gran Reserva Carménère com massas e queijos é uma das minhas combinações favoritas.
A linha completa de vinhos e espumantes Cave Geisse pode ser encontrada na Vino Mundi, que fica na Rua Ministro Jesuíno Cardoso, 451, no bairro da Vila Olímpia, em São Paulo.
A loja também realiza a entrega de seus produtos em todo o Brasil.
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Comentários
Ótima entrevista! Costumo comprar na Enoteca Decanter. Vou experimentar!!!!