Arquivos Entrevistas - Deguste Melhor http://degustemelhor.com/entrevistas/ Aprenda a Degustar Vinhos da Maneira Correta Sun, 19 Apr 2020 01:48:41 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.8.1 https://degustemelhor.com/wp-content/uploads/2022/10/cropped-logo-deguste-melhor-icone-32x32.png Arquivos Entrevistas - Deguste Melhor http://degustemelhor.com/entrevistas/ 32 32 7 Perguntas Para Mario Geisse – Enólogo e Proprietário da Vinícola Cave Geisse https://degustemelhor.com/entrevista-enologo-mario-geisse/ https://degustemelhor.com/entrevista-enologo-mario-geisse/#comments Sat, 09 Dec 2017 19:19:37 +0000 https://vidaevinho.com/?p=15020 O chileno Mario Geisse é enólogo e proprietário da renomada vinícola Cave Geisse – considerada pelos experts como a…

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O chileno Mario Geisse é enólogo e proprietário da renomada vinícola Cave Geisse – considerada pelos experts como a produtora dos melhores espumantes do Brasil.

Sua extensa lista de vinhos conta com a presença de criações famosas, como o Cave Geisse Espumante Terroir Nature, indicado no livro 1001 Vinhos para Beber Antes de Morrer, e o Cave Geisse Espumante Blanc de Blanc Brut, que já esteve entre os Top 10 Vinhos da América do Sul, segundo a Revista Forbes.

Mario também é enólogo chefe da Casa Silva, respeitada vinícola chilena que, desde 1997, elabora premiados vinhos na região do Vale de Colchagua.

É com muito prazer que compartilho com você esta descontraída entrevista com um dos mais respeitados produtores de vinhos e espumantes da atualidade.


1) Mario, soube que sua relação com o vinho é um caso de amor antigo. O vinho sempre esteve presente em sua casa?

O vinho fazia parte do meu dia-a-dia. Sempre havia vinho nos almoços e jantares na casa dos meus pais, que sempre faziam comentários sobre suas preferências por um vinho ou outro.

Desde os 12 anos eu podia beber uma pequena quantidade de vinho misturado com água e açúcar.


2) Imagino que em algum momento da vida você pensou: “não quero apenas beber vinho, quero também produzi-lo”. Quando isso aconteceu?

Aos dez anos de idade tive minha primeira experiência com a elaboração de vinhos. Foi como assistente de um velho fazendeiro que produzia seu vinho em um par de antigas ânforas.

Foi uma experiência maravilhosa e, se bem me lembro, naquele momento não imaginei a influência que isso faria em mim. Mas estou convencido de que ali foi o ponto de partida.

Com ele aprendi que o vinho é feito apenas acompanhando um processo natural e é para apreciá-lo e compartilhá-lo com outras pessoas.


3) Ao chegar em Pinto Bandeira no final dos anos 70, você percebeu que na região existia um potencial incrível para elaboração de espumantes. Nesta época, era possível imaginar que um dia estes espumantes seriam considerados os melhores do Brasil?

Quando comprei um terreno em Pinto Bandeira, foi após ter estudado toda a região durante dois anos à procura de um local com as melhores condições para o cultivo de uvas para elaboração de espumantes, e esta região também possuia outras qualidades, que são hoje os seus diferenciais.

Eu sempre pensei duas coisas: primeira, que a Serra Gaúcha tinha condições como nenhuma outra região na América do Sul para a produção de espumantes e, segunda, que a região de Pinto Bandeira era a mais especial.

Hoje, o fato de ser considerada a melhor é uma grande conquista, mas só vem a confirmar as condições naturais da região para isso.


4) Os espumantes são hoje os grandes responsáveis por colocar o Brasil no mapa do mundo dos vinhos. Você acha que os brancos e tintos brasileiros, um dia, também farão parte deste mapa?

Graças aos espumantes, o Brasil tem hoje um reconhecimento importante no mundo dos vinhos, no entanto, para que os demais vinhos cheguem ao mesmo patamar, terão que trilhar o caminho feito pelos espumantes. Cada variedade deve encontrar o seu melhor terroir, com um estilo definido e qualidade consistente ao longo do tempo.

Existem produtores trabalhando para que isso aconteça, mas não será fácil, já que as condições naturais para elaborar grandes vinhos com qualidade consistente ao longo do tempo, exigem um clima muito estável.


5) Além de espumantes, você também tem uma linha de vinhos tintos que leva seu nome, de uvas cultivadas no Vale de Colchagua, no Chile. Pode nos contar um pouco mais sobre estes vinhos e onde são vinificados?

O Vale de Colchagua no Chile é reconhecido por sua capacidade em produzir grandes tintos e ser o berço natural da Carménère.

Aplicando a mesma filosofia utilizada no Brasil, depois de fazer um estudo de clima e solo na região, adquiri em 1995 um terreno na cidade de Marchigüe, dentro do Vale de Colchagua, que fica a 30 km do Oceano Pacífico, e que na época não era tão famosa como agora.

Por lá são plantadas Cabernet Sauvignon, Carménère e Petit Verdot e, logo atrás da minha casa, precisamente na garagem, comecei uma adega para produzir vinhos de autor.


6) Os amantes dos espumantes Cave Geisse podem sonhar em ter, um dia, vinhos brancos ou tintos da marca? A região de Pinto Bandeira tem potencial para elaboração destes vinhos?

O grande potencial da região de Pinto Bandeira está na produção de vinhos espumantes de alta qualidade, e nossas vinhas têm um volume limitado de uvas para estes vinhos.

Hoje, não vemos uma forma de desviar recursos para produção de vinhos tranquilos, que acreditamos que possam ser produzidos em outras áreas, com melhores condições naturais.

A marca Cave Geisse é sinônimo de espumantes, mas, como Família Geisse, temos a inquietação de sermos produtores de Terroir e, desta inquietação, nasceu o projeto de Marchigue no Chile.


7) Para finalizar, faça-nos uma sugestão de um de seus vinhos (espumante e tinto) e os pratos que melhor harmonizam com eles.

Gosto de várias harmonizações com vinho espumante, mas se você me pedir apenas uma, sugiro o Cave Geisse Terroir Nature com camarão ao alho e óleo e, em geral, todos os tipos de pratos com peixes ou frutos do mar. Para os tintos, o Mario Geisse Gran Reserva Carménère com massas e queijos é uma das minhas combinações favoritas.


vinhos e espumantes Cave Geisse
Vinhos e espumantes Cave Geisse apresentados no evento Vino Mundi Wine Lounge em Outubro de 2017.

A linha completa de vinhos e espumantes Cave Geisse pode ser encontrada na Vino Mundi, que fica na Rua Ministro Jesuíno Cardoso, 451, no bairro da Vila Olímpia, em São Paulo.

A loja também realiza a entrega de seus produtos em todo o Brasil.


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7 Perguntas Para Eduardo Angheben – Enólogo e Proprietário da Vinícola Angheben Vinhos Finos https://degustemelhor.com/entrevista-enologo-eduardo-angheben/ https://degustemelhor.com/entrevista-enologo-eduardo-angheben/#comments Thu, 24 Nov 2016 17:02:07 +0000 https://vidaevinho.com/?p=14111 Eduardo Angheben é enólogo e proprietário de uma das mais acolhedoras vinícolas do Vale dos Vinhedos, no Rio…

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Eduardo Angheben

Eduardo Angheben é enólogo e proprietário de uma das mais acolhedoras vinícolas do Vale dos Vinhedos, no Rio Grande do Sul: a Angheben Vinhos Finos.

Juntamente com seu pai, Idalencio Francisco Angheben, Eduardo elabora vinhos finos de muita personalidade com produções limitadas.

É com muito prazer que trago aos leitores do blog esta entrevista com um dos maiores enólogos do Brasil.

Veja a seguir as 7 perguntas para Eduardo Angheben.


1) Eduardo, como surgiu o seu amor pelos vinhos?

Thiago, quando eu nasci, já havia vinho na minha casa.

Sou bisneto de imigrantes italianos, que chegaram aqui e cultivaram videiras, meus avós seguiram o mesmo caminho e meu pai foi o primeiro da família a se tornar Enólogo.

Me recordo que quando pequeno, cerca de 9 ou 10 anos de idade, em minhas férias escolares, eu ia “trabalhar” com meu pai. Ele era um dos Enólogos da Chandon e era o responsável pela parte agrícola da empresa.

Então, eu percorria vinhedos, e várias vezes eu tinha a oportunidade de circular dentro da vinícola e sentia os aromas da fermentação dos vinhos sendo elaborados ou mesmo dos espumantes. Esses aromas eram sensacionais e tenho na memória até hoje.

Além disso, sempre havia uma garrafa de vinho na mesa da minha casa e foi natural a escolha por esta profissão.

O vinho na minha vida veio de berço!

Se teve um início, veio dos meus antepassados, está no meu DNA.


2) Um enólogo tem muitas responsabilidades e deve tomar diversas decisões. Qual a decisão mais difícil de ser tomada durante o processo de elaboração de um vinho?

Como proceder em uma safra onde o clima não foi bom e a matéria prima não é favorável?

Tomar a decisão se devemos elaborar o vinho ou não.

Se a decisão for por elaborar, o desafio passa a ser o estilo ou posicionamento do produto que podemos fazer.


3) Antes de visitar a vinícola Angheben no início deste ano, eu sempre ouvia falar do ‘Barbera da Angheben’. Quando estive na vinícola pude prová-lo e realmente é um vinho muito bom! Como vocês decidiram por esta variedade que não é tão conhecida entre os brasileiros?

A Angheben sempre buscou uma identidade própria.

E para isso muitas vezes percorremos caminhos que outras vinícola ainda não trilharam.

A Barbera foi um resgate histórico (tendo em vista que já existiu em quantidades expressivas aqui no Rio Grande do Sul) ao mesmo tempo que foi também uma dessas tentativas de diferenciação, por uvas ou vinhos menos “usuais” para o Brasil.

Contudo, quem de fato tornou ela um vinho emblemático para a Angheben foram nossos clientes.

A escolha foi do consumidor, nós só tratamos de respeitar essa escolha.

angheben-barbera
O famoso ‘Barbera da Angheben’

4) Além da Barbera, a Angheben também produz vinhos com a Touriga Nacional, Teroldego e Gewürztraminer. Vocês encontraram – ou ainda encontram – alguma resistência por parte dos consumidores em relação à estas variedades, ou o brasileiro está aberto a provar vinhos diferentes?

Por parte dos consumidores da Angheben, nenhuma resistência.

Pelo contrário, muita curiosidade e vontade de provar e ter a experiência de algo diferente e bom.

Contudo, houve resistência de revendedores e principalmente de restaurantes.

Para eles era muito trabalhoso ter que explicar para um consumidor o que eram esses vinhos diferenciados.

Era mais fácil para alguns vender vinhos mais “comerciais”.

Mas como o mercado está em constante evolução e o consumidor cada vez mais ávido por novas experiências, essas resistências tem ficado cada vez menores.


5) Você acha que o vinho nacional tem o respeito que ele realmente merece? Mudaria algo no atual cenário de vinhos do Brasil?

Em primeiro lugar, considero que o respeito deve vir em função da qualidade do vinho e não da origem do produto.

Não devemos pensar em defender o vinho nacional, simplesmente por um certo nacionalismo. Não acredito que essa estratégia funcione. Devemos defender e aplaudir os vinhos de qualidade.

Temos que pensar sem o “coitadismo” de que o consumidor tem que beber o vinho do país.

Ele deve beber sim, se ele gostar e se for bom para ele, consumidor.

O fato é que o Brasil faz ótimos vinhos e o consumidor vem notando isso.

Já temos uma ótima imagem dos Espumantes Brasileiros. A imagem dos vinhos está melhorando a cada dia.

Entretanto mudaria sim algumas políticas de trabalho em entidades representativas do setor.

Focariam em questões mais técnicas como por exemplo um trabalho nas regionalizações, ou seja, a busca por uma identidade de cada região produtora no país.

Somos um país continental e ainda há pessoas que pensam que devemos ter um único vinho emblemático. Já se falou no espumante ou no vinho Merlot. Penso de outra forma.

Temos que buscar vinhos emblemáticos sim, mas por regiões. Serra Gaúcha, Campanha, Campos de Cima da Serra, Serras de Santa Catarina, Vale do São Francisco e assim por diante.

Cada região tem vocações distintas, não existe uma região melhor que a outra. Buscar uma identidade, um “sotaque” para os vinhos de cada região.

Um outro foco, de fundamental importância é trabalhar e repensar a cadeia produtiva em termos de competitividade.

Temos que dar condições das vinícolas serem fortes. Usar a maior parte dos recursos das entidades na busca pela diminuição da carga tributária e da desburocratização do setor.

Será mesmo viável fazer divulgação e promoção se as vinícolas não estão tendo condições de competitividade?

Antes da divulgação e promoção tem que vir a sustentabilidade econômica da cadeia produtiva.

Quando as vinícolas brasileiras estiverem fortes econômica e financeiramente elas mesmas terão condição de promover seus produtos.

Fica um questionamento… Quando um setor precisa de entidades para promover seu produto e não consegue fazer isso pelas próprias forças, não é sinal que a estratégia está equivocada?


6) Se você tivesse que produzir seus vinhos fora do Brasil, que outra região escolheria e por que?

Provavelmente seria na Califórnia, nos EUA o governo quer as empresas fortes e saudáveis.

Aqui se recolhe imposto das vinícolas antes mesmo de gerar a receita, basta ver o que é a Substituição Tributária para vendas interestaduais.


7) E para finalizar, faça-nos uma sugestão de um vinho e o prato que melhor harmoniza com ele.

Uma sugestão só????

Me permita pelo menos duas…hehehe

Uma Pizza Margherita (com bastante manjericão) com um Angheben Barbera e para os carnívoros, uma Picanha (de boi Angus) com um Angheben Teroldego, bahh, fiquei até com água na boca aqui!

Forte abraço e um brinde!!!


Mais sobre a Vinícola Angheben

Leia sobre a minha visita à vinícola Angheben em abril deste ano (2016).

Nela eu conto sobre a história da vinícola e apresento seus melhores vinhos.


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Entrevista Com Rosana Wagner, Enóloga e Proprietária da Vitivinícola Cordilheira De Sant’Ana https://degustemelhor.com/entrevista-rosana-wagner-enologa/ https://degustemelhor.com/entrevista-rosana-wagner-enologa/#comments Fri, 18 Mar 2016 18:00:11 +0000 https://vidaevinho.com/?p=12623 É com muito prazer que trago aos leitores do blog Vida & Vinho, esta entrevista especial com Rosana…

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rosana-wagner-enologa

É com muito prazer que trago aos leitores do blog Vida & Vinho, esta entrevista especial com Rosana Wagner, enóloga e proprietária da Vitivinícola Cordilheira de Sant’Ana, vinícola-boutique nacional que cultiva seus próprios vinhedos localizados em Santana do Livramento, no estado do Rio Grande do Sul.

Rosana nos concedeu a entrevista logo após completar 30 anos de enologia, 15 deles dedicados a Cordilheira de Sant’Ana.

Continue lendo para saber o que a enóloga tem a nos contar sobre a evolução da vitivinicultura brasileira, tecnologia empregada nos vinhedos, novos produtos da Cordilheira de Sant’Ana, e muito mais.


1) Rosana, você está há 30 anos atuando como enóloga, 15 deles dedicados a Cordilheira de Sant’Ana. Nos diga, o que você acha que mudou na vitivinicultura brasileira desde que você iniciou sua carreira?

Acho que podemos sintetizar dizendo que tudo mudou.

Desde o sistema de implantação e os tratos culturais do vinhedo, passando pelas práticas enológicas, chegando até o sistema de distribuição da produção e até mesmo pela forma de comercialização e marketing do vinho, tudo foi se modificando e modernizando através do tempo.

E os agrônomos, técnicos, enólogos, marketeiros e comerciantes, todos tivemos que aderir às novas práticas, sendo que muitas vezes tivemos que ser criativos para solucionar os problemas que foram se apresentando.

Mas no final, temos um saldo extremamente positivo sobre a nossa evolução, em todos os sentidos, uma vez que a qualidade dos vinhos brasileiros, sem dúvida alguma, deu um enorme salto nestes anos.


2) Hoje, com a tecnologia avançada, muitas vinícolas procuram soluções modernas e investem em equipamentos de última geração. O que a Cordilheira de Sant’Ana tem de mais moderno e como respeitar a cultura e as tradições na elaboração de vinhos em um mundo tão tecnológico?

Podemos iniciar dizendo que a Cordilheira de Sant´Ana procura elaborar vinhos de uma forma muito natural.

Nosso processo de elaboração é o tradicional. Sempre dizemos que os nossos vinhos são artesanais pelo cuidado com que são elaborados e pelo cuidado com a produção da uva no vinhedo.

Por outro lado, eles não são artesanais quando falamos da tecnologia empregada. Temos tecnologia moderna para elaboração, o que garante total assepsia do processo, manutenção de aromas e sabores, etc.

No entanto, o emprego desta tecnologia não significa que produzimos vinhos de consumo de massa, mais conhecidos como vinhos tecnológicos. Pelo contrário, nossos vinhos são a expressão do terroir em que as uvas são cultivadas, de forma que necessitam de tempo para evoluir e amadurecer antes de mostrar todo o seu potencial.

Não apressamos nenhuma parte do processo de elaboração. Nossos vinhos amadurecem naturalmente nos tanques, barricas de carvalho ou garrafas. Além disso, não necessitamos fazer correções porque temos um cuidado extraordinário no vinhedo, o que faz com que as uvas fiquem naturalmente equilibradas, isto se comprova pela longevidade dos vinhos.

Atualmente estamos comercializando vinhos com mais de 10 anos de idade, tanto brancos quanto tintos, os quais estão perfeitos para serem consumidos.

Além disso, para atingirmos nossos objetivos, ou seja, produzir vinhos de qualidade excepcional, temos os nossos próprios vinhedos, ou seja, somos uma Adega Regional de Vinhos Finos, produzimos a nossa própria uva, no local de elaboração dos vinhos.

Nosso foco principal é a produção de uma excelente matéria-prima. Nossa produtividade é idealmente baixa, para produzir com qualidade. Todas as práticas culturais do vinhedo são voltadas para a produção de uvas sadias, maduras e equilibradas e o “terroir Palomas” foi escolhido para a implantação do projeto em função do excelente clima e solo da região, os quais são extremamente propícios para o cultivo de uvas viníferas.

A vinícola é super moderna, com todos os tanques de aço inoxidável e barris de carvalho, além de equipamentos com alta tecnologia. No entanto, costumo dizer que, “tecnologia todos podem comprar, mas um bom terroir e o cuidado diário na produção das uvas é um diferencial difícil de ser alcançado”.

Por isso, o vinhedo é tão importante!


3) Sempre ouvimos que o vinho tem o estilo do(a) enólogo(a). Qual o seu estilo e como você o transfere para seus vinhos?

Talvez, antes de estilo, tenhamos que falar em filosofia de produção.

Penso que o vinho é um produto que nasce, tem seu período de desenvolvimento, amadurece e envelhece.

Como mulher, me sinto privilegiada por Deus com o dom da fertilidade e da reprodução e, por isso mesmo, acho que tenho uma extrema sensibilidade para entender o nascimento e o desenvolvimento de um vinho.

O vinho, para ser elaborado, necessita de bons frutos, oriundos de uma boa agricultura. Dizem os sábios que a agricultura é contemplativa e, por isso mesmo, feminina. Necessita de uma percepção maior do Universo.

Acho que tenho esta imensa paciência, capaz de esperar, a cada ano, uma nova colheita, com seus frutos de características distintas e transformá-los, com sentimento, num produto que evolui constantemente, de acordo com o amor que lhe é concedido ao nascer.

Acho que é este amor e esta dedicação que fazem o diferencial de um Cordilheira de Sant´Ana. Espero que as pessoas, ao degustarem, percebam que eu procurei transferir a minha alma àquela taça.

No mais, procuro elaborar vinhos naturalmente complexos e elegantes, com grande capacidade para amadurecer.


4) Temos excelentes vinhos produzidos no Brasil, mas o brasileiro, além de consumir muito pouco, na maioria das vezes opta por vinhos importados. Na sua opinião, o que precisa ser feito para introduzir o vinho na cultura do brasileiro e fazê-lo dar mais valor ao vinho nacional?

A escolha do vinho é, na maioria das vezes, regida pelo hábito.

Da mesma forma como há pessoas que se recusam a provar determinado prato de alimento, também há aqueles que se recusam a experimentar novos vinhos.

É aí que reside o grande desafio dos enólogos e pessoas ligadas ao marketing e comercialização de vinhos brasileiros: fazer com que as pessoas provem os vinhos produzidos no Brasil sem qualquer tipo de preconceito.

Quando atingirmos este objetivo, teremos quebrado um paradigma e, neste momento, com certeza, a vitivinicultura nacional terá atingido a maturidade tão esperada.

Digo isto porque já estamos em plena condição de competir com os importados. Já temos uma enorme gama de vinhos produzidos no Brasil que supera em muito a qualidade dos importados.

Então, é só uma questão de tempo, de fazer com que as pessoas experimentem e percebam, isentas de conceitos predefinidos, a real qualidade dos nossos vinhos.


5) Recentemente, a Cordilheira de Sant’Ana e a importadora KMM Vinhos fizeram uma parceria comercial. Conte-nos um pouco sobre a importância desta parceria.

Esta parceria está sendo, sem dúvida, o grande acontecimento do ano de 2015 para a Cordilheira de Sant´Ana.

Com o passar dos anos fomos percebendo que a área comercial da vinícola deveria ter um foco mais específico.

Conforme já falamos acima, todas as áreas inerentes à vitivinicultura foram evoluindo através do tempo. E atualmente é uma exigência dos clientes e consumidores receber um tratamento diferenciado.

Hoje em dia não é possível para o enólogo ocupar-se de tudo, do vinhedo ao consumidor final. Temos que procurar parceiros que entendam a nossa filosofia de trabalho, conheçam perfeitamente o mundo do vinho e tenham experiência com clientes e consumidores, atendendo-lhes prontamente.

Foi esta percepção que nos fez buscar a KMM, a qual, ao longo dos anos, tem se mostrado uma empresa séria, que trata os produtos que distribui com extremo respeito.

Percebemos, além disso, que para a KMM também está sendo um momento de evolução, uma vez que ela passa a distribuir um vinho brasileiro num momento em que as pessoas se abrem a novas experiências, especialmente pelo momento político e econômico pelo qual passamos.

A KMM está vencendo um grande desafio, desenvolvendo um trabalho junto a clientes e consumidores de todo o Brasil, no qual fica cabalmente demonstrando o grande potencial e qualidade dos vinhos produzidos pela Cordilheira de Sant´Ana.


6) Certa vez, li uma matéria que dizia que vocês começariam a plantar a uva Pinot Noir e, talvez, Pinot Meunier, porque tinham planos de elaborar um espumante. Quando teremos um espumante da Cordilheira de Sant’Ana?

Na verdade, a produção de um espumante continua a ser um sonho para a Cordilheira de Sant´Ana.

Já temos o vinhedo de Pinot Noir produzindo, mas o momento econômico do país tem pedido precaução na execução de novas ideias.

Temos certeza de que o nosso sonho se realizará mais cedo ou mais tarde, mas queremos alcançá-lo com os pés no chão, conhecendo perfeitamente as nossas possibilidades, especialmente no que diz respeito à comercialização.


7) Para finalizar, diga aos leitores do blog onde comprar os vinhos Cordilheira de Sant’Ana e, caso queiram fazer uma visita à vinícola, como agendar.

Para comprar os vinhos da Cordilheira de Sant´Ana pode-se entrar diretamente em contato com a KMM pelo telefone (11) 3819-4020 ou pelo e-mail [email protected] ou através da própria Cordilheira de Sant´Ana pelo telefone (55) 9973-2620 ou pelo e-mail [email protected].

A vinícola possui uma programação de enoturismo, em que recebe visitantes de todas as regiões do país, conforme segue:

De segunda a sexta-feira: das 8h 30min às 16h 30min.
Sábados, domingos e feriados: das 09h às 18h.

A visita não tem custo e inclui:

  • Vista panorâmica dos vinhedos, história da vinícola e seus vinhos, variedades produzidas, processos e colheita;
  • Visita às instalações e cave de barris e amadurecimento dos vinhos;
  • Loja com venda de vinhos a preços promocionais, bem como produtos do artesanato e culinária locais;

Duração de aproximadamente 40 minutos.


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