Muito associados ao clima tropical e ao verão, os vinhos brancos são, na maioria das vezes, consumidos em sua juventude, sozinhos ou acompanhados por pratos leves – como as saladas, carnes brancas e frutos do mar.
Estes vinhos são apreciados pela leveza e frescor característicos, onde a grande maioria possui uma elevada e marcante acidez – principalmente aqueles mais secos e jovens.
Quando consumidos com moderação, apresentam benefícios à saúde, como sugerem alguns estudos relacionados a prevenção de diabetes, doenças cardiovasculares e doenças crônicas nos rins.
Continue lendo para descobrir as características e particularidades dos vinhos brancos e aumente ainda mais o seu conhecimento.
Durante a leitura, você entenderá mais sobre:
- Produção dos brancos
- Tipos de brancos e uvas utilizadas
- Brancos mais famosos e a produção no Brasil
- Harmonização de vinhos brancos
- Ordem de serviço, temperatura e taças adequadas
- Por quanto tempo guardar o vinho e como armazená-lo depois de aberto.
Produção de vinhos brancos
Muitos acreditam que vinhos brancos são feitos apenas com uvas brancas, porém, em sua produção, tanto uvas brancas quanto tintas podem ser utilizadas – como no caso dos vinhos brancos base utilizados na elaboração de espumantes.
A cor dos vinhos é obtida através de pigmentos naturais encontrados na casca das uvas. Para extração destes pigmentos, o suco ou mosto da uva deve ficar em contato com as cascas durante o processo de fermentação da bebida.
O tempo de contato é o que determina o quão intenso será a cor do vinho e, no caso dos brancos, este contato é quase inexistente. Cascas, engaços e sementes são removidos antes do mosto ser fermentado. Desta forma, o vinho se mantém claro e sem a presença de componentes que podem deixá-lo com gosto muito herbáceo, amargo ou tânico.
Uvas brancas
Um incontável número de uvas brancas, todas da espécie Vitis Vinifera, podem ser utilizadas na produção de vinhos brancos finos e de qualidade.
Apenas a título de curiosidade, estima-se que mais de 10.000 variedades de Vitis Vinifera (somadas tintas e brancas) estão espalhadas por todo o mundo.
Destaco aqui aquelas que, talvez, sejam as mais populares entre profissionais e enófilos mundo afora:
- Chardonnay
- Chenin Blanc
- Gewurztraminer
- Moscatel
- Pinot Gris/Grigio
- Riesling
- Sauvignon Blanc
- Sémillon
- Torrontés
- Viognier
Tipos de vinho branco
É comum dentro de um mesmo estilo ou tipo de vinho, encontrarmos sub-tipos ou agrupamentos que são feitos de acordo com suas principais características, como é o caso dos vinhos tintos que, por exemplo, podem ser sub-divididos de acordo com o seu corpo.
No caso dos brancos, a sub-divisão geralmente é feita através de um conjunto de características como: leveza/frescor, aromas/doçura e também através do corpo da bebida.
Mas não leve o agrupamento ao pé da letra!
Existem vinhos que fogem totalmente ao padrão, tendo características tão próprias que é difícil inseri-los em algum grupo. Além daqueles que podem trafegar livremente por mais de um grupo.
Vinhos brancos leves e refrescantes
Vinhos brancos leves e refrescantes
Vinhos brancos encorpados
Vinhos brancos famosos
Já ouviu falar em Chablis, Sauternes ou Vinhos Verdes?
Chablis
Elaborado com a uva Chardonnay na região de Chablis – denominação de origem francesa que faz parte da Borgonha -, os vinhos Chablis geralmente apresentam aromas de limão ou frutas verdes, além de serem ácidos e mostrarem certa mineralidade no paladar.
Sauternes
Considerado um dos melhores vinhos de sobremesa do mundo, o Sauternes é produzido ao sul de Bordeaux, na França, com as variedades Sauvignon Blanc, Sémillon e Muscadelle, atacadas pelo fungo Botrytis Cinerea. O fungo faz microperfurações no fruto, retirando toda sua água e mantendo apenas seus açúcares e ácidos. Isto é o que chamamos de Podridão Nobre.
Sauvignon Blanc neozelandês
A uva que colocou a Nova Zelândia no mapa vitivinícola mundial, neste país dá origem a brancos com uma maior concentração de aromas, onde notas de flores e frutas, combinadas aos sabores minerais, resultam em um vinho leve e fresco muito apreciado em todo o mundo.
Vinhos verdes
Produzidos na Região Demarcada dos Vinhos Verdes, no noroeste de Portugal, sua versão branca é elaborada com as variedades típicas da região: Alvarinho, Loureiro, Arinto, Avesso, Azal, Batoca e Trajadura. São vinhos bem leves e refrescantes, que também são produzidos nos estilos tinto, rosé e espumante.
No Brasil
Nos últimos anos, o estado de Santa Catarina foi considerado um dos grandes destaques na elaboração de vinhos brancos, principalmente das variedades Sauvignon Blanc e Chardonnay.
Estas mesmas cepas também ganharam destaque no clima frio e solos de altitude do Rio Grande do Sul, especialmente em Campos de Cima da Serra.
Variedades como Riesling e Trebbiano também tem o seu devido destaque em todo o sul do país. A primeira, muito encontrada em vinhos varietais frescos e aromáticos, já a segunda, adicionando acidez e corpo aos vinhos de corte.
Já em vinhedos a nordeste do país, regiões como o Vale do São Francisco nos mostram que as uvas Verdejo, Chenin Blanc e Moscatel adaptaram-se muito bem aos terrenos de características tão particulares.
O Brasil pode não ter um vinho branco que seja tão popular como, por exemplo, os Vinhos Verdes são para Portugal ou os Chablis para a França, porém, muitos produtores nacionais estão investindo na elaboração de produtos de muita qualidade, que podem ser encontrados com preços bem mais competitivos se comparados aqueles produzidos nas grandes regiões vitivinícolas do mundo.
Harmonização
Para alguns tipos de vinho a harmonização pode ser algo complicado, pois algumas de suas características principais devem ser observadas com cuidado na hora de combiná-los com comida. Um exemplo disso, são os taninos dos tintos que muitas vezes podem brigar com alguns ingredientes específicos.
No caso dos vinhos brancos, a harmonização pode ser considerada mais fácil.
Existe uma regrinha básica que, obviamente, não deve ser levada ao pé da letra, mas pode nos ajudar a combinar estes vinhos com alguns pratos:
- Vinho leve > Comida leve
- Vinho branco > Carne branca
- Vinho branco > Molho branco
Novamente repito: não leve a regra ao pé da letra.
Toda regra tem sua exceção. E a regrinha sugerida acima não é diferente. Em um momento oportuno, tratarei das exceções em outra publicação.
Saladas, Antepastos e Canapés
Ficam ótimos com os vinhos brancos leves e refrescantes, principalmente se houver a presença de algum ingrediente de considerável acidez, por exemplo o tomate.
Queijos diversos
Os frescos e curados (Mussarela, Mascarpone, Ricota) pedem pelos leves e refrescantes.
Os semimoles (Edam, Taleggio, Gouda) podem ser combinados com os aromáticos. Já os queijos brancos moles (Brie, Camembert, Coulommiers) ficam interessantes com aromáticos ou encorpados. Leia o guia definitivo sobre harmonização de queijos e vinhos
Pizzas
As que contém queijos e molho de tomate, pedem pelos brancos de acidez elevada, que podem ser os leves e refrescantes ou mesmo alguns dos aromáticos mais secos. Já aquelas com frango ou catupiry, pedem pelos mais encorpados.
Peixes e Frutos do Mar
Sushi, sashimi, ostras, camarão, bacalhau e uma série de outros peixes e frutos do mar, que vão desde os mais simples aos mais requintados, podem ser harmonizados com vinhos brancos de diferentes tipos. Quanto mais simples e leve o prato, mais leve deve ser o vinho.
Massas
Tudo vai depender do molho. Os mais simples e ácidos ficam melhores com os brancos leves e refrescantes, já os mais untuosos combinam melhor com os brancos encorpados.
Carnes Brancas
Aqui é importante pensar na estrutura da carne e como a mesma foi cozinhada, além do peso do molho utilizado. Quanto mais simples o conjunto acima for, mais simples e leve o vinho deve ser.
Ordem de serviço e temperatura
Quando temos diversos estilos de vinhos a serem servidos, é importante oferecê-los sempre na ordem correta de serviço, para que as características do vinho anterior nunca se sobressaia ao próximo.
A sequência mais simples seria:
- Espumantes/Frisantes > Brancos > Rosés> Tintos > Fortificados ou Sobremesa.
Se diferentes estilos de brancos estiverem a disposição, tente a seguinte sequência:
- Leves e Refrescantes > Aromáticos > Encorpados.
Além da ordem de serviço, para aproveitar todo o frescor dos vinhos brancos, é muito importante servi-los na temperatura correta.
De maneira geral, podemos servi-los em temperaturas que variam entre 8 e 12ºC, mas para sermos mais específicos, podemos dividir a temperatura de acordo com os tipos de vinhos brancos:
Brancos leves e refrescante e brancos aromáticos | 8 a 10ºC |
Brancos encorpados | 10 a 12ºC |
Brancos de maior idade | 12 a 14ºC |
Taças adequadas
É recomendado utilizar taças que tenham o bojo menor que a dos vinhos tintos, por 2 motivos básicos:
- Como o vinho branco deve ser consumido mais fresco, taças menores concentram o frescor e reduzem a troca de calor entre o recipiente e o ambiente.
- Concentram os aromas florais e frutados e, como a abertura da taça é mais estreita, entregam estes aromas diretamente em nosso nariz.
Desta forma, 2 tipos de taças são recomendadas para servir vinhos brancos:
A primeira taça, maior e mais estreita, é recomendada para os brancos leves e refrescantes e também os brancos aromáticos.
Já a segunda, conhecida como Taça Montrachet, menor e de bojo mais largo, é recomendada para os brancos encorpados de textura mais cremosa.
Por quanto tempo guardar
A maioria dos brancos são feitos para serem consumidos jovens, isto é, entre o 1º e o 3º ano de produção, para que seu frescor e acidez sejam aproveitados ao máximo. Porém, há exceções à regra.
Alguns brancos de Bordeaux e Borgonha na França, por exemplo, podem sobreviver facilmente por mais de 10 anos. Assim como alguns Rieslings, Sémillons, Chenin Blanc, Chardonnay, tanto do velho quanto do novo mundo, também podem resistir muito bem ao tempo.
Tudo depende da concentração, acidez, a forma como foram vinificados, entre outras coisas.
Se a sua intenção é guardar o vinho por longos anos, antes, verifique se o mesmo suporta esta longa guarda.
Duração depois de aberto
No dia seguinte à abertura da garrafa, é inevitável que qualquer vinho perca suas características originais, devido ao contato com o ar.
De modo geral, é recomendado o consumo dos vinhos brancos logo após sua abertura, aproveitando todo o seu frescor.
Mas ainda sim é possível aprecia-lo por alguns dias, desde que você tome os cuidados necessários.
O vinho que sobrou, pode ser guardado na geladeira por até 3 dias, aproximadamente.
Mas este não é um número exato. Afinal, dependendo do seu estilo, um vinho pode durar mais ou menos tempo depois de aberta a garrafa.
Um vinho branco, por exemplo, quanto mais acidez tiver, mais tempo ele tende a durar.
Ao guardar o vinho aberto na geladeira, tome os seguintes cuidados para preservar o que sobrou da bebida:
- É importante manter a garrafa fechada, com a própria rolha ou tampas especiais, a fim de diminuir o contato entre oxigênio e o vinho e evitar que os cheiros presentes na geladeira impregnem na bebida.
- Se você tiver uma garrafinha de 187ml ou 375ml, melhor. Basta enchê-la por completo, fechar e guardar, pois neste caso, o contato com o oxigênio é ainda menor.
- O ideal é armazená-lo em locais sem grandes vibrações. Ao guardá-lo na geladeira, tente não colocá-lo na porta, pois o movimento diário o manterá sempre agitado, deteriorando-o mais rápido.
- Guarde-o sempre em pé. Deixar a garrafa deitada fará com que uma maior superfície da bebida fique em contato direto com o ar presente dentro da garrafa.
Conclusão
O que esperar de um vinho branco?
A maioria dos vinhos brancos produzidos no mundo são colocados à venda logo após serem engarrafados e, além de nos apresentarem uma cor límpida e clara, devem nos mostrar leveza e frescor, onde a acidez viva é uma de suas principais características.
Atenção aos brancos de safra muito antiga ou de cor amarelo muito escuro!
Quando vemos um branco mais velho ou com uma cor amarelo dourado, devemos tomar um certo cuidado, principalmente se este for um vinho muito simples, pois a vida do mesmo pode ter entrado em declínio, e o que você vai encontrar é uma bebida onde a acidez e o frescor desapareceram e o álcool se acentuou.
Vinhos brancos são muito delicados, e a grande maioria deve ser consumida dentro de, no máximo, 3 anos. Certifique-se de que o vinho ainda encontra-se em seu pleno estado de consumo.
Mas é claro que, como de costume, no mundo dos vinhos temos as exceções. E em alguns casos, podemos encontrar brancos mais corpulentos, menos ácidos e com uma cor mais intensa e dourada. Isso se dá por conta do método de produção ou pelo estilo do vinho que o enólogo deseja atingir. Mais uma vez, antes de arriscar, certifique-se de que estas são as características deste vinho e não um defeito por conta de sua idade.
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Comentários
Eu adorei essa matéria, cuidadosamente escrita e de fácil entendimento para quem é leigo no assunto, como eu. Muito obrigada
Olá, Simone! Como vai?
Fico feliz por contribuir com o seu aprendizado.
Um abraço ????