Vinhos Tintos Encorpados: Entenda o Mais Potente Estilo de Vinhos Tintos

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Neste grupo encontram-se os vinhos tintos de cores mais escuras (normalmente de uvas cultivadas em regiões de clima mais quente), com intensos aromas de frutas negras, densos e que preenchem a boca de forma significativa.

Vários são os fatores que contribuem para que um vinho seja definido como encorpado:

Uvas de cascas grossas

Variedades de peles muito grossas normalmente possuem mais pigmentos e originam vinhos de maior corpo.

Presença de taninos

Os taninos são responsáveis por aquela sensação de secura na boca. Estão presentes nas cascas, caroços e engaços das uvas.

Níveis elevados de álcool

Altos níveis de álcool contribuem para que o vinho seja mais viscoso e consequentemente mais ‘pesado’.

Amadurecimento em barris de carvalho

Vinhos que passam por algum estágio em carvalho adquirem aromas e sabores complexos, taninos e maior estrutura.

Fermentação malolática

Técnica que visa corrigir e balancear a acidez de alguns vinhos, resultando, muitas vezes, em uma bebida de maior textura.


Uvas que originam vinhos tintos encorpados

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Uvas viníferas possuem características naturais distintas, tais como: a espessura das cascas; concentração de açúcar, taninos e acidez; potencial aromático; entre outras.

Muitas destas características orientam o enólogo na obtenção de um determinado estilo de vinho: mais aromático, mais ácido, mais encorpado, e assim por diante.

Destaco aqui algumas das uvas mais conhecidas e apreciadas que, geralmente, originam vinhos tintos encorpados:

  • Cabernet Sauvignon
  • Malbec
  • Mourvèdre
  • Nebbiolo
  • Petite Sirah
  • Syrah (Shiraz)
  • Tannat
  • Tempranillo

Lembrando que, além das características das uvas, as técnicas de vinificação utilizadas também contribuem para que o vinho seja mais ou menos encorpado.

Encorpados e famosos

Já ouviu falar em Brunello di Montalcino, Bordeaux e Châteauneuf-du-Pape?

Brunello di Montalcino

Um dos tintos mais famosos da Itália que é elaborado com a uva Sangiovese – chamada de Brunello na região de Montalcino, uma comuna da Toscana. Uma das características dos Brunellos é seu potencial de envelhecimento, com alguns resistindo de 30 a 50 anos em garrafa.

Bordeaux

A região vinícola de maior prestígio na França e uma das poucas no mundo que produzem tantos vinhos tintos de excepcional qualidade. Nela, encontram-se os famosos Châteaus Haut-Brion, Lafite Rothschild, Latour, Margaux, Pétrus e outros que elaboram grandes vinhos, não só em qualidade, mas também em preço.

Châteauneuf-du-Pape

Vinho de grande estrutura, escuro e macio, que pode ser elaborado com o corte de diversas uvas (predominando a Grenache, Syrah e Mourvèdre) na região francesa de Châteauneuf-du-Pape, sul do Vale do Rhône, na França.


Harmonização

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Por serem vinhos robustos e muito intensos, a harmonização com os vinhos tintos encorpados torna-se, de certa forma, um pouco limitada.

Seus níveis de taninos, álcool e acidez requerem pratos de sabores intensos para que a potência do vinho não encubra e apague por completo o sabor dos alimentos.

De maneira geral, podemos dizer que, quanto maior a presença de taninos, maior a necessidade de um prato com bons níveis de gordura.

Carnes vermelhas

Cortes gordos como a costela ou picanha, por exemplo, combinarão muito bem com Malbec, Cabernet Sauvignon ou Tannat.

Os taninos do vinho farão uma boa interação com a proteína e gordura presente na carne, deixando a harmonização perfeita.

Feijoada

Muitos torcem o nariz para esta combinação, mas sim, ela é possível.

Tintos encorpados de boa acidez podem enfrentar a gordura do prato, assim como aqueles com amadurecimento em carvalho podem combinar com o defumado das carnes.

Experimente um Malbec ou Tannat e tire suas conclusões.

Queijos

Os queijos duros (Emmental, Gruyère, Provolone) combinam bem com Cabernet Sauvignon, os italianos Barolo e Brunello di Montalcino, além dos franceses de Bordeaux.

A atenuada acidez destes queijos não entrarão em conflito com os taninos do vinho.

Pizzas

Calabresa e Peperoni pedem pelos tintos mais estruturados com boa acidez. Cabernet Sauvignon e Tempranillo podem cumprir bem este papel.


Ordem de serviço e temperatura

Quando temos diversos tipos de vinho a serem servidos, é importante oferecê-los sempre na ordem correta de serviço, para que as características do vinho anterior nunca se sobressaia ao próximo.

A sequência mais simples seria:

  • Espumantes/Frisantes > Brancos > Rosés> Tintos > Fortificados ou Sobremesa.

Se diferentes estilos de tintos estiverem a disposição, tente a seguinte sequência:

  • Leves > Médios > Encorpados.

Além da ordem de serviço, para aproveitar tudo o que os tintos tem a oferecer, é muito importante servi-los na temperatura correta.

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De maneira geral, podemos servi-los em temperaturas que variam entre 15 e 18ºC, mas para sermos mais específicos, podemos dividir a temperatura de acordo com os tipos de vinhos tintos:

Tintos leves ou médios jovens15 a 16ºC
Tintos leves ou médios envelhecidos16 a 17ºC
Tintos encorpados e grandes tintos17 a 18ºC

Taças adequadas

É recomendado utilizar taças que tenham o bojo maior que a dos vinhos brancos, por 2 motivos básicos:

  1. O vinho tinto necessita de mais espaço e superfície para respirar e liberar todos os seus aromas, além de permitir a leve evaporação do álcool.
  2. O bojo maior também é ideal para girar a bebida dentro da taça.

Desta forma, 2 tipos de taças são recomendadas para servir vinhos tintos: Bordeaux e Borgonha.

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A taça Bordeaux, maior e mais estreita, é recomendada para os tintos de corpo médio e tintos encorpados, de preferência, os de taninos elevados: Cabernet Sauvignon, Syrah, Tannat, Merlot, entre outras uvas. Sua borda mais fechada evita que os aromas se dispersem.

Já a taça Borgonha, de bojo mais largo, permite maior contato da bebida com o ar, facilitando a liberação dos aromas, principalmente de tintos mais leves como: Beaujolais, Pinot Noir, Gamay, entre outros. A taça foi projetada para que a bebida explore bastante o nosso olfato.


Por quanto tempo guardar

A maioria dos tintos são feitos para serem consumidos jovens, isto é, entre o 3º e o 5º ano de produção, para que suas características sejam aproveitadas ao máximo. Porém, há exceções à regra.

Grandes tintos de Bordeaux, Brunello di Montalcino, Rioja, entre outros exemplos, podem sobreviver facilmente por 10, 30, 50 ou mais anos.

Tudo depende da concentração, acidez, taninos, a forma como foram vinificados, entre outros fatores.

Se a sua intenção é guardar o vinho por longos anos, antes, verifique se o mesmo suporta esta longa guarda.


Conclusão

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O que esperar dos vinhos tintos encorpados?

São vinhos robustos, potentes, geralmente alcoólicos e que preenchem a boca de forma significativa.

No visual, normalmente são mais escuros, porém, devem estar límpidos e sem partículas suspensas.

Vinhos turvos, opacos e com algum componente sólido pode indicar algum defeito na bebida – exceto aqueles que não passam pelo processo de filtragem, trazendo algumas partículas que deverão ser removidas através do processo de decantação da bebida.

A grande maioria dos tintos produzidos no mundo devem ser consumidos dentro do 3º ou 5º ano de produção. Depois deste período, boa parte deles começam a reduzir seus aromas, frescor e acidez, tornando-se vinhos alcoólicos e desinteressantes. Certifique-se de que o vinho ainda encontra-se em seu pleno estado de consumo, antes de comprá-lo.

O que a maioria daqueles que apreciam a bebida espera, é encontrar um vinho harmônico, onde o álcool, acidez e taninos estejam balanceados e que cada gole seja um convite para o próximo.


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Comentários
  1. Olá ..
    Mudei o Califórnia…
    Gostaria de sugestões para vinhos “encorpados,médio e leve…..
    Há muita oferta….
    Completamente perdida…
    Obrigada ????

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