Descrever os vinhos provados é uma prática que deveria ser adotada por qualquer amante da bebida, e não somente por profissionais que trabalham com ela.
Como mencionei no artigo que fala sobre a importância em escrever nossas próprias notas de degustação, quando direcionamos total atenção ao vinho provado e relatamos a nossa experiência sensorial, conseguimos elevar nossa percepção às reais características da bebida.
E quando nos tornamos conscientes destas características, apreciamos melhor o vinho e, cada vez mais, refinamos o nosso paladar.
Descrever um vinho não é um bicho de sete cabeças.
Mesmo que você tenha começado a beber vinhos ontem, é possível criar uma boa e útil nota de degustação. Basta deixar de fora informações que sejam irrelevantes, focar nos pontos certos e praticar.
Quer ver como fazer isso na prática?
Continue lendo o artigo para aprender como descrever vinhos de forma clara e objetiva.
Deixe a enrolação de lado
Muitas vezes, encontramos descrições de vinhos que mais parecem um poema. Elas são feitas para impressionar pela beleza da escrita e não para serem úteis aos leitores.
Só para ilustrar o que estou dizendo, uma pesquisa realizada no Reino Unido em 2013 e apresentada pela revista Adega mostra que:
Quando uma nota de degustação traz informações irrelevantes e são cheias de blá-blá-blás, mais da metade das pessoas não entendem nada do que está escrito.
E de acordo com a mesma pesquisa, cerca de dois terços dos participantes disseram que nunca percebem os mesmos aromas que foram descritos.
Além disso, alguns termos utilizados, como: “estrutura firme”, “língua impactante” e “inquietante”, por exemplo, não tem nenhuma utilidade para quem procura pelas verdadeiras características do vinho.
Portanto, deixe os bla-bla-blás de lado e concentre-se em criar descrições de vinhos que sejam úteis.
Seja útil
Para você começar a descrever vinhos com informações que sejam realmente úteis, é importante estar atento aos 3 pontos que caracterizam uma boa nota de degustação:
1) Uma boa nota de degustação deve ser completa
Quando o autor olha para cada uma das etapas fundamentais da degustação de um vinho (aspecto visual, olfativo e gustativo), ele certamente fará uma nota de degustação completa.
Ao longo do texto, veremos mais detalhes sobre estes aspectos.
2) Uma boa nota de degustação deve ser focada
O foco principal deve ser nas reais características do vinho e não em fatores externos.
Quando o autor não está focado nas características do vinho ou não as compreende, ele tende a dizer coisas como:
“Os inebriantes aromas deste vinho são como sentir a deliciosa brisa do mar do Caribe em uma bela tarde de sexta-feira”.
É possível perceber o quanto esta informação não ajuda em nada?
3) Uma boa nota de degustação deve ser precisa
Cada uma das etapas fundamentais da degustação devem ser relatadas com precisão.
A cor de um vinho branco, por exemplo, nunca é descrita apenas como “amarelo”. Em uma descrição precisa, sua cor é descrita como amarelo palha, ouro, citrino; além da intensidade da coloração.
Ao descrever aromas, não basta dizer se a bebida é aromática ou não.
Se os aromas primários lembram a frutos, é importante tentar identificar quais são eles, se são maduros, frescos ou até mesmo um doce feito com estes frutos.
Quanto mais precisa a descrição, mais completa e útil será a nota de degustação.
Informações que devem constar em uma boa descrição de vinho
Uma boa descrição de um vinho contará com uma série de informações que, a princípio, parecem assustar pela quantidade.
No entanto, ao praticar a escrita você vai perceber que cada um dos itens que apresentarei a seguir, raramente serão descritos com a mesma profundidade e nível de detalhe.
Na prática, algumas informações são mencionadas de maneira mais superficial que outras.
1) Informações encontradas no rótulo do produto
Ao provar um vinho, muitas pessoas negligenciam as informações contidas no rótulo e contra-rótulo.
Em alguns vinhos, podemos encontrar informações valiosas nestas áreas, que nos ajudarão a compreender melhor o estilo do vinho, sua vinificação, como servi-lo, armazená-lo e harmonizá-lo.
No rótulo também encontraremos as informações abaixo, que são fundamentais estarem descritas em quaisquer notas de degustação de vinhos:
Nome do vinho | Não são todos os vinhos que possuem um nome. Alguns levam apenas o nome do produtor. |
Produtor | Château ou vinícola que produziu o vinho. |
Uvas | Boa parte dos vinhos apresentam o nome de uma ou mais uvas em seus rótulos (Cabernet Sauvignon, Malbec, Merlot, etc), entretanto, a maioria dos vinhos europeus apresentam o nome da região onde o vinho foi produzido (Bordeaux, Rioja, Chianti, etc). Neste último caso, você pode consultar o contra-rótulo para verificar se existem informações sobre as uvas. |
País e região | Seja bem específico e tente não apenas informar o país, mas também a região ou, até mesmo, a sub-região. Lembre-se que um país pode ter diferentes climas e solos e, dificilmente, um vinho produzido em uma determinada região será igual aquele produzido em outra. |
Safra | O ano em que as uvas foram colhidas. Alguns vinhos não apresentam a safra no rótulo, pois a bebida final pode conter uvas de várias safras (como no caso dos espumantes e vinho do Porto, por exemplo). |
Teor alcoólico | O teor de álcool pode variar dependendo do estilo do vinho. Enquanto um vinho frisante pode ter apenas 7% vol., um tinto pode chegar aos 15-16% vol. e um vinho fortificado pode ter entre 15-22% vol. |
Classificações especiais | Muitos vinhos podem ser classificados de acordo com o tempo em que estagiam em barris de carvalho e descansam em garrafa – assim como alguns vinhos que trazem as Classificações Reserva e Gran Reserva. Outros podem apresentar designações como: Reserva Especial, Reserva da Família, etc. |
2) Informações sobre a compra
Também é importante registrar informações sobre a compra do produto e seu valor:
Preço | O valor original do vinho e o valor promocional (caso o tenha obtido em alguma oferta). |
Local da compra | Supermercado, adega, site de vinhos ou se ganhou de presente. |
Data da degustação | Importante para que você resgate a informação algum tempo depois e veja o quanto suas notas de degustação e percepção sobre os vinhos evoluíram. |
Local da degustação | Em uma adega, loja, restaurante, um jantar em casa ou na casa de amigos. |
3) Informações sensoriais sobre o vinho
Ao degustar e descrever vinhos, é muito importante passar por todas as etapas fundamentais da degustação, sempre seguindo a seguinte ordem:
Análise visual
Antes de tentar identificar as cores e suas nuances, é importante dar uma boa olhada no aspecto geral da bebida.
O vinho está límpido ou turvo? Possui partículas flutuantes? É uma bebida brilhante ou opaca?
Estas informações são importantes para encontrar possíveis defeitos na bebida, distinguir vinhos que não foram filtrados ou espumantes que não foram removidas as leveduras após a fermentação.
O segundo passo é descrever as cores do vinho da maneira mais precisa possível (lembre-se que a precisão é 1 dos 3 pontos que caracterizam uma boa nota de degustação).
A cor e sua intensidade podem dar pistas de quais uvas compõem o vinho, sua idade, e se ele passou por algum estágio em barris de carvalho.
Exemplos de cores que podem ser observadas com frequência:
Vinhos brancos | Podem apresentar as cores – amarelo-palha, amarelo-esverdeado, amarelo-citrino e dourado. |
Vinhos rosés | Podem apresentar as cores – rosé-palha, rosé-cereja, salmão e casca de cebola. |
Vinhos tintos | Podem apresentar as cores – vermelho-rubi, granada e púrpura. |
Além da cor em si, destaque sua intensidade. É uma cor apagada ou intensa?
Outro ponto muito importante a ser destacado e que deve constar em suas notas de degustação, é que os vinhos tintos perdem cor à medida que envelhecem, enquanto os brancos ganham coloração.
Vinhos brancos quase alaranjados e tintos próximos a cor de tijolo podem indicar uma bebida bastante evoluída.
Análise olfativa
É considerada como a etapa mais importante para a apreciação de vinhos finos e deve ser feita com cautela.
Não hesite em ficar um bom tempo apreciando os aromas antes de levar a bebida à boca. Não há nenhum problema quanto a isso.
Leve a taça até o nariz e, primeiramente, note se há aromas desagradáveis na bebida. Se você sentir um aroma limpo é um ótimo sinal!
Após esta primeira análise, aprecie os primeiros aromas da bebida que, a princípio, ainda podem estar tímidos e fechados.
Gire o vinho na taça para oxigená-lo e perceba como seus aromas são liberados com mais facilidade.
Nesta etapa, concentre-se em identificar os principais aromas do vinho, que podem ser divididos em três categorias gerais:
Aromas primários | Geralmente de frutas, flores e ervas. |
Aromas secundários | Aromas obtidos durante o processo de produção do vinho. Podem ser lácteos, fermentados, tostados, etc. |
Aromas terciários | Aromas obtidos durante o processo de amadurecimento em barris de carvalho ou envelhecimento em garrafa. Podem ser especiarias, couro, frutos secos, etc. |
Para um degustador iniciante, pode parecer complexo e difícil detectar muitos dos aromas percebidos por especialistas e por quem está a mais tempo no mundo dos vinhos.
Mas não se preocupe com isso. É uma questão de treinar o olfato e praticar sempre.
Para finalizar a etapa olfativa deixando-a bem completa, descreva a intensidade de aromas. Você considera o vinho pouco aromático, com aromas de intensidade média ou aromas intensos?
Análise gustativa
Este é o ponto culminante de toda a degustação de vinhos.
É aqui que você confirmará, ou não, todas as características aromáticas descritas anteriormente e onde podem surgir novos sabores.
Uma boa nota de degustação deve detalhar todos os aspectos de sabor de um vinho, passando pela presença que a bebida faz em boca (corpo), sua doçura, acidez, taninos e o tão aguardado final de boca.
Tome um gole e, sem engolir, faça o vinho girar por toda a sua boca, ativando todas as papilas gustativas.
Neste momento, tente encontrar:
Doçura | O vinho é seco, meio-seco ou doce? Alguns vinhos secos frutados dão uma leve impressão de serem meio-secos, principalmente brancos e rosés. |
Acidez | Acidez causa salivação e sensação de frescor. Pense em um suco de abacaxi ou limão. Os vinhos também possuem acidez leve, média e alta. Espumantes, vinhos brancos e rosés são característicos pela acidez elevada. |
Taninos | Encontrados em vinhos tintos e em pequenas quantidades em vinhos rosés. Os taninos causam aquela sensação de secura na boca. Eles deixam os dentes, a língua e a gengiva ásperos. Tente descrever a presença de taninos como leve, médio e alto. Lembre-se que algumas uvas são mais tânicas que outras, como a Cabernet Sauvignon, Tannat, Syrah, entre outras. Vinhos que foram amadurecidos em barris e descansaram em garrafas por longos meses, tendem a ‘arredondar as arestas’ dos taninos, deixando-os mais “macios” e, como muitos descrevem “aveludados”. |
Álcool | Além do teor de álcool descrito no rótulo, você pode fazer comentários sobre a sensação alcoólica. Alguns vinhos podem apresentar um certo desequilíbrio entre o álcool e demais componentes, o que incomoda a muitas pessoas. |
Corpo | É o peso geral do vinho em sua boca. Pense no vinho como se fosse leite: está mais para desnatado, semi-desnatado ou integral? Desta forma, descreva se o vinho possui corpo leve, médio ou encorpado. |
Final de boca | O final de boca é onde toda a experiência de degustação será concluída, ou não, com chave de ouro. Em resumo, é o tempo em que o gosto do vinho permanece na sua boca após ter sido engolido. O sabor desaparece de imediato ou perdura por alguns segundos? Em alguns vinhos, podemos sentir sabores que só aparecem no final de boca. O que você deve fazer neste momento é quantificar o tempo de permanência: final curto, médio ou longo. Anote também o quão agradável para você é o final de boca e se foi possível sentir novos sabores. |
4) Harmonização
Se você combinou o vinho com alguma comida, é importante descrever a harmonização realizada e o seu resultado.
Você acha que:
Não harmonizou | O vinho sobressaiu à comida ou o contrário |
Harmonizou | Não foi um espetáculo de combinação, mas foi agradável |
Harmonizou perfeitamente | Foi a melhor combinação possível, ficou excelente |
5) Avaliação final
Você gostou ou não do vinho? Ele te surpreendeu ou foi apenas um bom vinho?
É importante você atribuir uma nota final ao vinho para determinar se vale a pena comprá-lo novamente.
Você pode atribuir notas de 0 a 5 ou 0 a 10, por exemplo, fica a seu critério.
Resultado: uma nota de degustação clara e objetiva
Ao longo do artigo apresentei a você trechos isolados de uma nota de degustação conforme passávamos por cada uma das etapas.
Agora, vamos ver como fica uma nota de degustação completa?
No nariz apresenta-se frutado, com aromas intensos que lembram a frutas vermelhas frescas, como morangos e framboesas. Após algum tempo na taça, é possível perceber notas amadeiradas e especiadas ao fundo, resultado dos 8 meses em que o vinho estagiou em barris de carvalho francês.
Em boca é seco e frutado, onde os sabores do olfato se repetem. Possui o corpo médio, acidez média-alta, taninos médios e macios, e álcool em equilíbrio.
Seu final de boca é agradável e longo. Um ótimo vinho!”
Viu como não é um bicho de sete cabeças?
Basta você praticar a cada vinho provado que suas descrições se tornarão cada vez mais fáceis de fazer.
Lembre-se sempre que estas notas são para o seu uso pessoal. Elas te ajudarão a compreender melhor os vinhos provados e descobrir os motivos pelos quais você gosta mais de determinados estilos de vinhos.
E o mais importante: a descrição de um vinho exemplificada neste artigo é apenas um exemplo de muitas outras. Este é um formato que funciona bem para mim.
Encontre o seu formato, seja consistente em suas descrições e aproveite o que de melhor os vinhos tem a lhe oferecer!
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Comentários
Primeiro artigo que leio e consigo entender a descrição dos vinhos em alguns sites e aplicativos. Nunca entendi nada, mas depois dessa página posso começar a escrever avaliações e entender do que se trata as características descritas pelo público. Obrigada.
Olá, Rayani! Como vai?
Fico feliz por ter contribuído para o seu aprendizado.
Um abraço ????
Olá, gostaria de saber sobre um comentário a respeito de um vinho… “com bom nervo” sobre o quê, seria?!
Olá, Flavia! Como vai?
Este não é um termo comumente utilizado no Brasil. Já vi o uso do termo em algumas publicações portuguesas.
Não posso dizer com propriedade, mas creio que seja algo relacionado a estrutura do vinho.
Um abraço ????
Boa noite! Descrição com total clareza.Parabéns pelo conteúdo, Quero ocmeçar minhas anotações e criar um caderno. Queria retirar os rótulos sem estragar, tem alguma ideia.
Oi Gicelma, tudo bem?
Obrigado pelo elogio. De algum tempo para cá, produtores começaram a utilizar um tipo especial de cola, para evitar a remoção de rótulos pelos falsificadores. Remover o rótulo sem estragar tornou-se uma tarefa bem difícil.
Um abraço e sucesso em suas anotações 😉
Caramba, quanta informação legal! Não entendo quase nada sobre vinho, mas meu sonho é quem sabe um dia saber tudo e até ter uma adega em casa! Descobri o seu site pesquisando e já encontrei muita coisa legal! Parabéns!!
Oi, Roberta!
Fico feliz que tenha encontrado meu site e espero ajudá-la a entender melhor este maravilhoso mundo dos vinhos.
Um abraço.
Meu Deus!!!
Estou confusa!
Sou ainda leiga sobre vinhos.
São muitos os adjetivos.Estou tentando,mas será que vou chegar a ser realmente uma entendida sobre vinhos?
Como gostaria de chegar a um restaurante e ser aquela que vai dizer ao garçon “pode abrir este”!
Olá, Maria! Obrigado pelo seu comentário. O negócio é ter paciência e estudar sempre. Com o tempo você estará segura para pedir qualquer vinho em seu restaurante favorito 😉
Parabéns pelo Blog e pela forma natural como explica e descodifica a linguagem dos vinhos. Para alem dos aromas que descreveu no artigo (frutas, flores e ervas; lácteos, fermentados e tostados; especiarias, couro e frutos secos) gostaria de solicitar o seu apoio para saber que outros aromas podem ser identificados nos vinhos. Gostaria de ter acesso a uma descrição mais exaustiva dos mesmos. Aguardo pelo seu importante comentário e informação. Obrigado. José
Olá, José! Obrigado pelo comentário.
Ainda não tenho um artigo que se aprofunda nesse assunto, mas, se procurar por “Roda de Aromas” no Google, vai encontrar o que você precisa.
Tem um artigo escrito pela amiga Sabrina Trézze que fala sobre o assunto. Vale apena ler: https://vila-vinifera.com/2016/09/08/decifrando-a-roda-de-aromas-do-vinho/
Parabéns pela forma didática como escreve sobre vinhos. Estou aprendendo muito.
Obrigado, Juliana! Feliz em saber que meus conteúdos estão lhe ajudando em seus estudos 🙂 Um abraço.
Gostei do conteúdo abordado e da forma clara e didática da redação. Parabéns!
Olá, Lunara! Como vai?
Fico feliz por ter contribuído para o seu aprendizado.
Um abraço ????
Parabéns pelos ótimos artigos, aprendo muito com eles!
Agradecida!!!
Olá, Julliene! Como vai?
Fico feliz por ter contribuído para o seu aprendizado.
Um abraço ????
MUITO BOM ARTIGO , MAIS ME FALE SOBRE O VINHO QUE SE NÃO ME ENGANO A UVA
E CAMERNERE
Também gostaria de saber mais sobre esta uva. Já ouvi falar e sempre vejo em alguns rótulos no mercado.
Olá, Naty! Como vai?
Aguarde que em breve sai conteúdo sobre esta uva.
Um abraço ????
Olá, Rose! Como vai?
Em breve sairá um artigo exclusivo sobre a uva Carmenere.
Um abraço ????
Muito bom o site, ótimos artigos e bem didáticos !!
Parabéns
Olá, Leonardo! Como vai?
Fico feliz por ter contribuído para o seu aprendizado.
Um abraço ????
Parabéns gostei do ensinamento objetivo porém com grande conceito sobre a degustação.
Olá Lejoilson,
Fico feliz em ajudar. Obrigado pelo seu comentário 🙂
Muito bom esse artigo. De modo simples aborda grande parte dos conceitos sobre degustação de vinhos. Parabéns
Obrigado Andrea!
Volte sempre ao blog 🙂